Eu preciso confessar que eu nunca planejei fazer moda e achei muito feia a faculdade que agora eu até acho uma gracinha. Eu, apesar de morar bem perto, nunca havia posto os pés lá e o primeiro contato não foi dos melhores. E antes eu nunca conheci ninguém que de fato preferiu fazer ela. Vou ser mais clara: Não é o sonho de ninguém por aqui. Para minha surpresa ela não é tão ruim e em alguns aspectos tão boa quanto qualquer outra faculdade no estado. Agora o curso...
O curso, bem, o curso está em implementação. Isso quer dizer que se eu terminar o curso no tempo previsto, serei a segunda turma de formandos na graduação de Têxtil e Moda. Entende meu receio? Curso novo demais, recém nascido. Os empregadores não conhecem, as outras pessoas nem tem ideia que a faculdade existe na cidade.
Mas eu estou bem. Sinto que faço algo da vida, além das aulas , eu faço os cursos de extensão onde estou aprendendo a costurar com máquina e a a modelar. Eu abaixei a cabeça - não no sentido ruim - pois meses atrás quando uma vizinha se ofereceu para me ensinar a ser costureira eu me senti muito insultada. MUITO. Sentia que eu não tinha futuro e virar costureira era a confirmação que eu não podia fazer faculdade, que eu não era tão boa quanto aquele bando de gente classe média que eu convivi durante 14 anos. Preconceito? Sim. Mas as coisas mudam
As instrutoras dos cursos são 2 alunas. Uma delas foi costureira durante 20 anos, aí resolveu terminar o ensino médio e logo depois entrou no curso de produção têxtil. Já trabalhou em chão de fábrica mas hoje vai a congressos têxteis e ano que vai para Europa fazer mestrado. Não é uma história maravilhosa?
Fazer essa faculdade, como já disse, não era o que eu planejava. Nem o que eu sonhei alguma vez. Provavelmente não serei estilista. Ainda não sei. Porém agora a vida parece andar. A situação do país não é das melhores, ainda não tenho dinheiro e a situação financeira em casa também está sofrida, mas eu me sinto bem. Eu tenho um plano agora.
Modelo da foto: Maggie Chan - foto: Bruna Moreira